domingo, 24 de junho de 2012

Benefícios da Meditação




Os exercícios de relaxamento, feitos diariamente, trazem uma paz que perdura o dia inteiro, facilitam o dormir, previnem doenças e facilitam a cura, despertam a criatividade, facilitam a solução de problemas pessoais, trazem facilmente à lembrança os sonhos, redistribuem as energias no corpo, facilitam a meditação e desenvolvem as capacidades paranormais. Mas relaxar não é sinônimo de meditar.

O primeiro passo para a meditação é o relaxamento. O simples acalmar da mente, levando-a para longe das perturbações cotidianas, já é, por si só, uma bênção e um alívio para o praticante. Quando ele perceber que pode libertar a sua mente do fluxo incessante de pensamentos e sentimentos negativos, das preocupações, ressentimentos, angústias, desapontamentos, raivas, e etc., ele nunca mais conseguirá viver sem esse bálsamo divino. Pesquisas mostram que mesmo principiantes na prática meditativa tanto têm uma menor resposta ao estresse quanto se recuperam muito mais rapidamente dele do que os que não meditam.
Quando se relaxa percebe-se que o nosso real desejo é um desejo de paz. Mas essa paz só é obtida quando entramos em paz conosco mesmos e com o mundo em volta. As diferenças entre as diversas tradições residem nas formas diferentes de fazer florescer essa paz consigo mesmo e com os que estão à nossa volta, através de diferentes regras que visam a um mesmo objetivo: aprendermos a viver harmoniosamente no presente, aceitando os nossos erros do passado, e seguirmos algumas regras éticas de relacionamento com os outros seres vivos. A meditação ajuda na cura de lembranças dolorosas e de sentimentos escondidos, de forma que cada vez mais sintamos aquela tão almejada paz e conseqüente felicidade.

Longe de produzir alienados e zumbis, a meditação treina a capacidade de prestar atenção, pois não permite que a mente divague à vontade, como em muitas técnicas de relaxamento. E essa atenção perdura durante todo o dia, fazendo com que as pessoas fiquem mais perspicazes e atentas. Os meditadores até estabelecem uma relação maior de empatia com os outros, enquanto conversam, pela capacidade de prestar atenção especial ao que o outro está fazendo ou falando: percebe até as mensagens sutis que os outros estão transmitindo.

No estado de vigília, quando estamos banhados com nossas irritações, preocupações, hostilidades, ansiedades e etc., nosso cérebro funciona emitindo diversos tipos de ondas, rápidas, irregulares e de baixa amplitude, que podem ser vistas em um eletroencefalograma (EEG) de rotina. Esse padrão, associado com o pensar ativo ou com a atenção fixa em algo, funciona com um ritmo médio de cerca de 14 a 24 ciclos por segundo: as ondas beta.

Quando entramos num estado de relaxamento, um estado interno com tendência à interiorização que surge também na hipnose, uma sensação de bem estar geral surge, nossa eficiência mental aumenta, começam a surgir insights e até fenômenos telepáticos (pensar em alguém e receber uma ligação dele, por exemplo), clarividência e clariaudiência. As nossas ondas cerebrais lentificam-se, atingindo um ritmo de 8 a 13 ciclos/s: as ondas alfa.

Esse padrão alfa, predominante no sonho, surge quando se fecham os olhos e se relaxa, mas os praticantes Zenconseguem produzi-los, de maneira estável, com os olhos abertos 44:38. Ele pode surgir com baixa ou alta amplitude, sendo este último característico de um profundo estado de concentração, associado à meditação mais avançada ou às experiências místicas.

As ondas teta irregulares, com cerca de 4 a 7 ciclos/s, surgem muitas vezes acompanhadas de sonhos vívidos, chamados de imagens hipnogógicas e com aqueles sonhos que transcendem o tempo e espaço (Cf. em “A REALIDADE”, no capítulo passado). Na sua forma regular e contínua, é o padrão normal do sono profundo. Já quando surgem em longas servências rítmicas, intercaladas com o padrão alfa de alta amplitude, geralmente após 30 ou 40 minutos de exercício meditativo, associam-se a um estado meditativo profundo onde se experimenta uma inspiração criativa, com insights mais profundos e fenômenos parapsicológicos, como a pré-cognição.

É interessante saber que quem medita periodicamente entra facilmente no estado alfa, e que esse padrão, começando no lobo frontal, se estende posteriormente pelos lobos parietal, temporal e occipital 44:38. Com o progredir do exercício aumentam de amplitude e diminuem de freqüência e é, provavelmente, o estímulo necessário ao “despertar”, ao trazer à consciência das inúmeras lembranças esquecidas no inconsciente, nossas feridas, nossa acções infantis, nossos autojulgamentos, causadores de tantas Máscaras e mecanismos de defesas (Cf. emAUTOCONHECIMENTO, no capítulo anterior)

Esse estado alfa é rapidamente bloqueado pela atenção dirigida, como por exemplo, a um barulho externo, levando de volta ao estado beta. No místico e no iogue, essa resposta bloqueadora de ondas alfa é inibida se o barulho se torna constante e rítmico. Já no meditador Zen o bloqueio permanece de uma forma extremamente rápida (uma fração de segundo), para depois retornar ao padrão alfa anterior.

Em estado de profundo Samadhi e em alguns casos de sono profundo, o ritmo cerebral chega a seu ritmo mais lento, o das ondas delta, com 1 a 4 ciclos/s. Mas, durante o processo meditativo, a presença de algum padrão de onda não exclui a presença de outro. Há um constante intercalar deles. Há um experimento clássico, feito por um dos principais neuropsiquiatras dos Estados Unidos, que também trabalhou durante 15 anos como físico em pesquisa de foguetes e mísseis dirigidos: Dr. Elmer Green (Menninger Foundation – Kansas).

Falando de um Swami hindu que havia testado, o Dr. Green escreveu: “quando o Swami produziu alfa, não cessou de produzir beta. E quando produziu teta, tanto alfa quanto beta continuaram, cada um cerca de 50% do tempo. Da mesma forma, quando produziu delta, estava ainda produzindo teta, alfa e beta durante uma relativamente alta porcentagem do tempo... Uma vez que o alfa é um estado consciente, será necessário retê-lo quando teta se produz, se se quiser perceber as imagens hipnogógicas que com freqüência se associam ao teta” .

Mas as alterações que o relaxamento proporciona, não se restringem às ondas cerebrais. Na prática descrita acima, quando nos concentramos em uma respiração diafragmática (abdominal), o nosso sistema nervoso parassimpático é estimulado, e então a secreção de adrenalina e de cortisol diminuem. Um relaxamento que dure cerca de 10 minutos diminui a concentração sérica de cortisol em 50%, durante todo o dia. Cinco minutos de relaxamento são mais eficientes que uma hora de sono, e podem curar 80% das doenças causadas pelo estresse. Os batimentos cardíacos, a pressão arterial, o ritmo respiratório e o metabolismo do corpo diminuem 40:15. Diminui a frequência das cefaléias, melhoram-se as arritmias cardíacas, melhora o controle do “diabetes mellitus” tipo II e aliviam-se as dores crónicas em geral, em particular a angina por aumentar o fluxo sangüíneo às coronárias 40:39-40.

Beta-endorfinas são produzidas e entram na circulação trazendo uma rápida recuperação da fadiga. Endorfinas são potentes analgésicos, com estrutura química semelhante à morfina, que acalmam a dor e o estresse, dando uma sensação de bem estar geral e um total relaxamento do corpo como um todo. Um dos maiores pesquisadores do poder da mente sobre a saúde é o cardiologista Herbert Benson, da Escola de Medicina de Harvard. Pesquisas realizadas na Universidade da Califórnia e na de Ohio 33:84 indicam que o relaxamento e a meditação evitam até o depósito de gordura nas artérias, pois baixam o nível geral das gorduras no sangue 40:39.

“Meu trabalho consiste em dar respaldo da ciência a práticas que as pessoas cultivam há milhares de anos, como meditar, praticar yoga, relaxar e rezar. Temos uma capacidade natural de cura dentro de nós”.  Herbert Benson

Além disso, as beta-endorfinas revitalizam os linfócitos T-killer, de importância vital no sistema imunológico, pois são responsáveis pelo reconhecimento e destruição completa de qualquer célula estranha ao organismo. Dessa forma protegem-nos de infecções (os resfriados ficam menos freqüentes, por exemplo) e de células do próprio organismo que sofreram mutações e adquiriram potencial para desenvolver uma neoplasia (câncer). Pesquisadores da Universidade deWisconsin-Madison (EUA) testaram os efeitos da meditação na função imunológica. Para se chegar a uma resposta, pacientes foram divididos em dois grupos e observados após dois meses: um que não meditava e outro que praticava meditação uma hora por dia, seis dias por semana. Então, os integrantes de ambos os grupos tomaram uma vacina contra gripe. De quatro a oito semanas depois da administração da vacina, os participantes do estudo fizeram exames de sangue para medir o nível de anticorpos que produziram contra a vacina. No grupo da meditação, houve um aumento mais significativo.

E os efeitos benéficos da meditação não param por aqui. Pesquisas mostram aplicações da meditação no combate aos efeitos colaterais da hemodiálise, da quimioterapia, das desordens gastrintestinais, da insônia, enfisema e até em doenças de pele 40:41. Mas é em psicoterapia, onde está a sua maior aplicação prática atualmente, embora algumas pessoas possam entrar em pânico como reação a um relaxamento aumentado. No caso particular dos esquizofrênicos, um contato maior com os seus conteúdos internos pode piorar o seu contacto com a realidade.

Usando imagens de ressonância magnética nuclear funcional, associadas a um aparelho de electroencefalograma, a mesma equipe da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA) comprovou que a meditação produz efeitos concretos no cérebro. Os dados mostram que, entre os que meditavam, houve um aumento na ativação do córtex pré-frontal esquerdo, a área do Sistema Nervoso Emocional (Cf. no Capítulo II) associado às emoções positivas. Cada vez mais escolas médicas associam exercícios meditativos a seus tratamentos convencionais, tanto no Brasil como no mundo.

O cérebro humano, que utiliza cerca de 20% do total de toda a energia produzida no corpo, consome seis vezes menos oxigênio meditando do que dormindo. Já existem experiências científicas de cura de doenças somente com a meditação, que é capaz de aumentar o fluxo sangüíneo cerebral em até 35%. De mais de 11 mil pacientes atendidos no Centro de Redução de Estresse, da Universidade de Massachusetts, os sintomas de dores, hipertensão e problemas digestivos diminuíram, em média, 40% após dois meses de meditação diária, duas vezes ao dia.

Estados depressivos, irritabilidades, hostilidades, estresses e ansiedades diminuem, enquanto aumentam o estado de alerta cotidiano, a sociabilidade, a empatia, a autoconfiança e a clareza de pensamento.

Animados com esses resultados, a ciência descobriu métodos de produzir o estado mental eletroencefalográfico associado com o estado meditativo. Mas nenhum método de biofeedback ou aparelho pode produzir a meditação, pois a verdadeira meditação transcende a mente. Esses métodos artificiais trazem benefícios apenas aos corpos mortais (físico-etérico e astral). Podem-se criar ondas cerebrais de meditação, mas não se cria a meditação, pois essa vem de dentro para fora e não de fora para dentro. As ondas cerebrais são a consequência do estado meditativo e não a sua causa. A verdadeira meditação não necessita de nenhuma técnica.

Mas não é necessário que deitemos e relaxemos, ou que, relaxados, sentemos com a coluna ereta para que tenhamos benefícios à saúde. A meditação nas atividades diárias, ou na forma de rituais caseiros produz o mesmo efeito (Cf. adiante). Desenvolver a plena atenção em tudo o que se faz, viver o momento presente, desenvolver práticas diárias em horários regulares é uma atitude de vida que deve ser implementada.

Pesquisas mostram que o simples fato de se sentar à mesa para suas refeições com regularidade, à mesma hora, na mesma cadeira, faz com que crianças fiquem menos susceptíveis a resfriados e outras infecções. Em pesquisa publicada em 1.997, com 527 adolescentes entre 12 e 18 anos, pelo Dr. Blake Bowden, mostrou que aqueles que faziam a refeição com um adulto da família cinco dias por semana em média eram menos suscetíveis à drogadicção (cigarro, drogas ou álcool), mais motivados na escola e mais otimistas em relação ao futuro, em contraste com aqueles que faziam três refeições semanais em média 74:240.

Mas como o verdadeiro objetivo da prática meditativa é a busca da Verdade, da Sabedoria, do Amor, valores mais altos que não se conseguem no mundo intelectual e emocional comuns, o maior benefício de sua prática é a obtenção de um sentido à existência própria e do Universo e não apenas a saúde do corpo físico. Essa vem em conseqüência daquela. A verdadeira meditação transforma não somente o físico, mas o emocional e o mental como consequência do contato com a Verdade, o Amor e a Sabedoria.

Situações em que antes reagíamos com raiva agora reagimos com profunda compaixão. A verdadeira meditação muda todo um estilo de vida, pois é um estado de ser no qual se chega pela percepção direta da Verdade. E para isso não se necessita de técnicas pré-estabelecidas. Nenhuma máquina trará a percepção da Verdade. Ela não é adquirida por partes, como num subir em espiral, mas como num salto quântico. Ocorre como um raio, num momento, e nesse momento colocamos o falso de lado.

Da mesma forma que há vários níveis de ilusão, há vários níveis de Verdade. O mais superficial virá primeiro e o mais profundo posteriormente. Mas não se tem controle de quando ocorrerá a percepção. A compreensão depende da receptividade pessoal. O único problema que nos impede de perceber a Verdade é a distorção da mente racional, que interpreta os fatos de acordo com seus condicionamentos. O pensamento é a resposta mental ao passado, àquilo que já é conhecido. A idéia do que seja a Verdade não é a própria Verdade. Não são alcançáveis pela lógica (pela mente racional que usa a memória), mas pela parte misteriosa da mente capaz de ver além do conhecido, descobrindo o novo que independe da memória.




Tomado de:

http://www.orion.med.br/index.php/livraria-orioncomsaber/o-homem-orion-vol-2/163-meditacao-beneficios




















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